quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um dia para esquecer

O de ontem…

O Tomás nunca foi uma criança muito sossegada, antes pelo contrário… É agitado, curioso, muito alegre, dorme pouco, tem aquela vontade de viver e aproveitar o momento.
Já ouvimos vezes sem conta, deste e daquele familiar e/ou amigo:
“Agora é que ele vai começar a dar trabalho, agora todo o cuidado é pouco…”
Nós sabemos disso e tentamos levar o dia a dia com ele da melhor maneira possível. Não somos e nem queremos ser daqueles pais que protegem os filhos demasiado, que não dão uma palmada porque é anti-pedagógico bater nas crianças, etc… O Tomás já levou algumas palmadas, no cu e nas mãos. Eu também as levei e não cresci revoltada, triste com a vida e nem tão pouco procurei justificar as minhas menos boas acções com uma ou outra palmada que tenha levado.
Deixamo-lo andar à vontade dando-lhe a conhecer aos poucos alguns limites.

Ontem à noite, à hora de jantar, o Tomás vai até á banca da cozinha onde estava a sopita dele a arrefecer, estica a mão e vira a sopa por ele abaixo.
O Tomás está com queimaduras de 2º grau no peito, ombros, queixo e mão esquerda.
É com tristeza, culpa, angústia que olhamos para ele… Hoje, apesar de estar a trabalhar já liguei para casa uma dúzia de vezes. Não consigo esquecer, não me sai da cabeça a imagem do meu filho.

Preocupa-me de momento saber se ele tem dores, se anda bem, se não perdeu o apetite, se não perdeu aquela alegria que lhe é característica. Sim porque mesmo assim ele está alegre, só quer brincar, continua a imitar tudo o que fazemos e dizemos… Apesar de “doente” o espírito dele continua o mesmo.

Preocupa-me no futuro as sequelas que este “acidente” possam trazer. Não quero e repito NÃO QUERO que o meu filho fique com marcas. Não vou adiantar mais porque nem sequer quero colocar tal hipótese, recuso-me.
Quero apenas que o tempo passe. Quero adormecer e quando acordar ver o meu filho sem ligaduras, com o aspecto saudável que ele sempre teve…
Quero… No fundo eu não quero, mas sim queria… Queria que nada disto tivesse acontecido, queria que o prato da sopa não tivesse sido ali colocado, queria que ele não tivesse a curiosidade de ir ver que lá estava, queria pelo menos que a sopa não estivesse tão quente.
Queria… Mas quem é que vive com verbos no pretério imperfeito? Por alguma razão ele é imperfeito, irreal...
Resta-me esperar por o que quero.

5 comentários:

Ni disse...

Oh Sofia... vou rezar muito, muito por vocês. Tudo o que queres será teu... vosso! Tenho a certeza.

Se puder ajudar, não hesites.


Bjinhos

Anónimo disse...

Foram sim momentos para esquecer. Momentos de angustia, de dor, de incerteza de muitas coisas... Momentos que nos fazem pensar no amor que temos por um ser Único e não poder fazer nada... momentos por amarmos os pais e vê-los sofrer e nada poder fazer...

Uma coisa resta a dizer, amo-vos aos três... do fundo do meu coração, mesmo que muitas vezes não tenha tempo de o demonstrar (como o tempo é curto....) e sofro e choro com vocês... mas também vivo os melhores momentos da vidad do Tomás como se eles fossem meus....


Como eu adoro o meu tomás....

Beijokas

Zé Miguel Gomes disse...

É com tristeza que leio o teu post... Espero e tenho a certeza que ficará tudo bem...

Obrigado pela tua passagem no blog e com o teu comentário teres iluminado a minha alma...

O Tomás tem muita sorte em ter uma mãe assim, que lhe dá tanto amor.

Fica bem,
Miguel

Anónimo disse...

Bem linda, fico emocionada com estes relatos... espero que o pior ja tenha passado e que o piolhinho ja esteja no seu melhor... Tudo de bom pra voces. Coragem

Beijocas
Minita

Ni disse...

Vim dar-vos um beijinho...