quinta-feira, 15 de maio de 2008

Tempo (ou a falta dele)

Há dias em conversa com um amigo, perguntava-me ele: então e o blog, já não escreves? Eu respondi aquilo que é óbvio, falta-me tempo.
Porque o dia tem sempre 24 horas e a vida vai-nos dando cada vez mais e nós vamos encaixando, vamos aproveitando e no fim não dá para tudo.
Lembro-me do entusiasmo sentido quando criei este blog, lembro também que estive algum tempo sem escrever porque na altura andava a viver a minha gravidez, andava naquela euforia de sentir aquele ser dentro de mim a ganhar vida e a desejar que o tempo passasse depressa para finalmente te-lo nos meus braços, e também porque a minha gravidez teve aquelas (muitas) fases menos boas...
Comecei a escrever depois do Tomás nascer, naquela altura em que ainda estava em casa e aí sim, escrevia com alguma regularidade. Depois de começar a trabalhar comecei a escrever cada vez menos e agora raramente o faço.
É verdade que sabia que a minha vida iria mudar a partir do meu primeiro dia de mãe, nunca tive ilusões a esse respeito. Criar um filho é acima de tudo uma responsabilidade muito grande e se eu não estava preparada, fui e vou-me preparando no meu dia a dia com ele. Olhando agora para trás percebo que não vale a pena trazer ideias concebidas do que é ser mãe ou pai, da educação que vamos dar, etc, porque cada filho é um filho, cada mãe é uma mãe e cada família é uma família e só interagindo é que vamos conseguindo e idealizando o melhor para todos.
Mas é preciso muito tempo para ele, muita dedicação e também muita paciência. Muitas das vezes quando chego ao fim do dia estou tão exausta que a cama é como um oásis à minha espera depois de um dia de 16 horas a andar no deserto. E assim ficam muitas coisas, que anteriormente fazia, para trás... E não é que tenha desgostado ou já não sinta alegria em fazê-las, a razão prende-se mesmo com a falta de tempo. Eu até tenho saudades de não ter aquela responsabilidade a tempo inteiro, de pensar só em mim (há quanto tempo não o faço), de sentir aquela liberdade para sair, nem que fosse apenas para ir ao cinema... mas como diz muita gente: os tempos agora são outros. E o meu tempo agora é dele.

1 comentário:

Zé Miguel Gomes disse...

Como te compreendo...

A falta que me faz escrever...

Fica bem,
Miguel